14 de dezembro de 2009

A menina da bolsa amarela.

E eis que a menina da bolsa amarela volta com tudo. É ela, mas é outra. Volta com suas vontades enormes, com sua saudade infantil, com sua pureza bonita, quase triste. Mas sua presença, quase imperceptível ao longo dos anos, hoje é forte e intensa. Muito provável que alguém que não a tenha acompanhado de perto se assuste e diga que já não é aquela. Não a reconhecem. Não sabem eles que todo este tempo ela esteve em busca das mudanças, lutou por elas, consolidou-as. A menina da bolsa amarela busca, constantemente, descobrir que tipo de pessoa quer ser. E ela voltou. É outra, é verdade, mas ainda é ela. Quer sentir de novo vontades tão grandes que não cabem dentro dela. Quer de novo se emocionar ao ler histórias bonitas sobre a infância, a bondade, a imaginação. Quer, mais do que nunca, acreditar na felicidade e, até mais que isso, não duvidar ou pensar sobre ela: só senti-la. A verdade é que a menina voltou, crescida. Hoje ela anda mais leve, mais alegre, mais tranquila. Hoje ela compreende melhor o mundo a sua volta, tolera mais, perdoa mais, ama mais. A menina ama mais e demais. E este, ela descobriu, é o único remédio pra amenizar uma dor constante, nem sempre forte, que insiste em incomodar. Ela cresceu e isto dói. E a menina não consegue fazer parar de doer. Certas vezes, pelo contrário, o tal remédio, o amor, faz doer ainda mais e ela percebe que não há solução a não ser deixá-lo doer. É a espiral da vida, ela aprendeu. O tempo fez a menina da bolsa amarela crescer. Ele a fez sentir esta dor que não pára e a ensinou sobre o amor, a bondade e a saudade. Ele trouxe de volta as vontades da menina, que não querem mais ser guardadas em uma bolsa, ainda que lhe caia bem escondê-las. E só ele, o tempo, para levar essa dor, esse amor, essa dor de amor. É a espiral da vida, ela entendeu.